O terrorista económico vira casacas II


A palavra terrorismo pode ser definida de várias formas. Entre elas, as mais relevantes são :

1) Uso de violência, assassinato e tortura para impor seus interesses (terrorismo físico).
2) Indução do medo por meio da divulgação de noticias em benefício próprio (terrorismo psicológico).
3) Recurso usado por governos ou grupos para manipular uma população conforme seus interesses.
4) Subjugar economicamente uma população por conveniência própria (terrorismo económico).

Como vemos, para além do tão mediatizado terrorismo físico - praticado por radicais religiosos ou nacionalistas - onde se fazem explodir bombas, existem também formas mais subtis de controlo que se encaixam na definição.

De facto, os "media" praticam terrorismo psicológico através do controlo da informação que é divulgada. Tal pode ser visto através da inclinação político-económica que a grande maioria dos intervenientes dos media (comentadores, entrevistados e entrevistadores) demonstram, explicando como a forma e o conteúdo da informação é "estandardizado" para que exista uma facilidade de quórum sobre que é "normal e expectável" na nossa realidade. De facto, os media são a maior e a mais eficaz forma de criar a ilusão da chamada "realidade estabelecida". Esquecendo-se que ela é emergente, e ao mesmo tempo abominando a libertação da escravidão mental por parte da maioria da população.

O terceiro conceito engloba, no meu ponto-de-vista, o segundo e o quarto conceito. Se o parágrafo anterior já explica uma das formas utilizadas pelo estado, ou melhor dizendo, pela "corporatocracia" da elite económica no poder através dos meios de comunicação - o caso PT/Tvi é um flagrante episódio que explica esta ideia - temos o chamado terrorismo económico em vista.

De facto, existem muitas formas de actuar deste terrorismo, e às claras. Veja-se o sistema de especulação bolsista, as agências de rating associadas ao controlo do valor da dívida nacional,ou as práticas por parte do sistema financeiro nesta "crise".

Existem outras formas, mais subtis, como o FMI ou o Banco Mundial que já tentaram escravizar economicamente países como a Bolívia, o Ecuador, ou o Panamá - entre muitos outros - emprestando dinheiro mas exigindo "ajustes estruturais" como alterações substanciais no sistema social ou a privatização de empresas de exploração de recursos naturais ou outras empresas com peso estratégico. Significando essa privatização a submissão a empresas estrangeiras, a subida de preços e - na totalidade nacional - a ainda mais pobreza.

A elite económica está agora bem preparada para fazer o mesmo em países ditos "desenvolvidos". Portugal não foge à regra. Basta ver a necessidade actual em vender o património público, em privatizar e em ajustar orçamentos que esmagam direitos sociais, para ver como esse terrorismo é aplicado por aqui. Isto tudo exigido por Bruxelas, em que a cara do terror é o nosso caro presidente da comissão europeia, Durão Barroso. Por cá o governo diz que sim, que é necessário aplicar ditas medidas "estruturais". Batem palmas ao aumento da idade de reforma, ao corte de prestações sociais, a leis laborais "flexíveis" para favorecer a elite económica, salários baixos, menos emprego e mais pobreza ... a ditadura económica imposta pelo terrorismo económico.

Seja através de subornos a políticos no poder, ou através da adesão a sistemas que balançam para o controlo por parte da elite, chegamos à conclusão que não são só muçulmanos com bombas amarradas ao peito que podemos chamar de terroristas. Aliás, o terrorismo físico representa uma infinitésima parte do nº de mortos se o compararmos com os outros tipos de terrorismo. A pobreza, reflectida na falta de ajuda social, médica ou alimentar, mata muito, muito mais. Os grandes terroristas vestem "fato e gravata" e não escondem a cara. Eles sabem que a maioria está sob controlo, e como o sistema funciona por maiorias, eles estão descansados ...

p.s: Embora um sistema gerido por maiorias consiga criar consensos abrangentes, não significa que esses consensos sejam a melhor opção. Opinar de contrário é cair numa falácia "ad populum" . Deduzindo e sendo dito numa frase: "nem sempre a maioria tem razão". Sistemas perfeitos ? Não existem. Mas é legitimo pensar que procuramos um melhor, ou pelo menos menos falacioso.

p.p.s: Para perceber o que está por trás da ideia do terrorismo económico, recomendo ler o livro de John Perkins, Confissões de um Assassino Económico, ou visitar o seu site.

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